Luiz Santiago

6 de set de 20102 min

Campeãs do que mesmo?

Vez por outra acompanho pela imprensa os rankings das empresas mais reclamadas por consumidores. Recentemente um estudo da Fundação Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) divulgou que aparelhos celulares foram campeões de queixas, tendo como origens defeitos de fabricação e não cumprimento de garantias do produto.

Dependendo da forma como o estudo é divulgado, os fabricantes passam a ficar expostos como “líderes do ranking de reclamações”. Mas não deveria haver alguma variável para condicioná-los a esse posto? Exemplo: se a marca A é a líder em reclamações, não deveríamos considerar a sua produção e capacidade de entregar produtos com margens de qualidade aceitáveis para competir com outros fabricantes? Em outras palavaras: adotando-se padrões similares de qualidade para produção, se o fabricante A produz e vende 10 milhões de equipamentos no mês, sua probabilidade de ter reclamações é infinitamente maior em relação ao fabricante B, que produziu e vendeu  500 mil unidades no mesmo período.

Caso o processo de qualidade na fabricação do produto da marca A seja muito superior ao do B, poderíamos considerar que a posição de liderança da marca A no ranking de reclamações é relativamente  justa, o que demonstra uma oportunidade para correções de processos internos de produção a fim de serem evitadas novas reclamações. Com a distância comparativa permitida por esta explicação, é o equivalente a um comerciante receber 500 cheques como forma de pagamento e um outro receber apenas 100 cheques. Após depositá-los, o primeiro comerciante teria uma probabilidade de ter devolvido mais cheques sem fundos que o segundo comerciante. Porém, se o primeiro adotar regras de “qualidade” do crédito recebido (checagem do perfil do emitente do cheque), ele assegura não haver devolução e, mesmo com um volume de cheques maior que o segundo comerciante, estará menos propenso a ter surpresas.

Produzir com qualidade é fundamental, mas afirmar que determinada marca é a “campeã de reclamações” deve ser interpretado com certo cuidado. Quem produz mais, está sempre mais exposto.

#celular #marca #procon #reclamação

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